terça-feira, 28 de junho de 2011

Minhas raízes



Quando eu nasci, aninharam-me,
aninharam-me em berço pintado de verde.
Até que enfim, veio menina!
Respirei pela vez primeira
ouro e verde.
Nasci brasileira e nordestina!

Na casa de engenho com nome de santo
(santo pobrinho!), São Francisco,
minha vó, Franscisquinha,
minha mãe, Francisca,
me deram o nome de minha
Dindinha: Rita.
Nome forte como madeira
de que cupim não gosta.

Da janela do engenho só se via
o lençol verde do canavial.
O sobrado tem tanta historia!
Cada janela é um olho.
Quantos olhos dali já olharam!...

Agora é a minha vez,
porque aqui nasci.
E é daqui o meu começo,
aqui finquei raiz.

Me criei asas e olhos.
E, de onde eu estiver,
arribo de novo neste quintal.
Me sonho de novo nesta varanda,
me molho do cheiro
dos tachos de doce,
da manhã morna,
do gosto da brisa;
revejo os bichos caseiros,
os embuás, as lagartixas,
os sapos, as caranguejeiras,
besouros e formigas...

Passarada mangueiras
pitangas cajás cajueiros

É daqui deste engenho, na Zona da Mata,
do engenho São Francisco,
que escorro de mim
meu caldo de cana caiana,
meu refresco de pitanga,
meu sumo de caju.

Agora é a minha vez,
porque daqui nasci.
É aqui o meu começo.
Aqui finquei raiz!


Ritabrennand


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