Eles viajavam num sábado. Uma chuvinha fina, chuvinha criadeira.
Ela pensava no momento da chegada à fazenda. O cheiro do curral, misto de leite, estrume, a terra molhada e o hálito quente do gado de leite.
Ela aspirou fundo o cheiro doce da vida.
O silêncio dele dava tempo para que em turbilhão... como num vendaval...
As imagens aquietaram-se, e numa espécie de bebedeira, os olhos se fecharam.
Mas... não mais que de repente, uma voz firme cortou o ar.
Um corte rápido, quase um estupro na paz daquela tarde.
___ O que vale o seu trabalho de arte? Arte não se vende!
As poucos foi ficando lenta de pensamento e a OUTRA conivente se instalou.
Pegou a caneta, abriu a agenda do curral e sem nem saber o que sentia rabiscou lenta e tortuosa a lágrima da surpresa.
Passou a mão na testa como para lavar o último perfume da chuvinha fina.
As asas partidas deixou na estrada, os azuis já esmaecidos, a lágrima contida não escorreu.
Descobriu a linha RETA, RACIOCINADA, não em paralela mas em CUBOS e enquanto ia se apequenando viu-se de cubos ao cubo cercada até que em negro ponto sentiu-se, era ENERGIA contida CONCENTRADA.
Nenhum comentário:
Postar um comentário